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A Missão Integral da Igreja - Porque o Reino de Deus está entre vós.

28-06-2011 19:57

 

 

 

 

  Lição 12

11 DE SETEMBRO DE 2011

 
Texto Áureo: II Tm. 3.16,17 – Leitura Bíblica: II Tm. 3.14-17; Tt. 2.1,7,10

Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

Objetivo: Ressaltar a relevância da integridade da doutrina cristã para a maturidade da igreja.

INTRODUÇÃO
Ao longo da sua história, a igreja sofreu ataques de todos os lados, tanto de fora quanto de dentro. Em I Tm. 4.1, Paulo admoesta a Timóteo em relação às doutrinas que se proliferariam nos últimos dias. Em II Tm. 3.1-14, o mesmo apóstolo lista as implicações práticas das doutrinas enganadoras, difundidas por aqueles que não têm compromisso com as verdades cristãs. O antídoto contra as falsas doutrinas é apresentado em II Tm. 3.15-17, o conhecimento e a prática da doutrina verdadeira. Ciente dessa realidade evidente na atualidade, estudaremos, na lição de hoje, a respeito da relevância da doutrina cristã na igreja.

1. DEFININDO DOUTRINA CRISTÃ
O termo doutrina – didachê em grego – significa, basicamente, ensino e instrução. Os ensinamentos de Cristo, em Mt. 7.28; 22.23; Mc. 1.22,27; 4.2; 12.38; Jo. 7.16; 18.19, podem ser denominados de doutrina, mais especificamente doutrina de Cristo, e, por essa característica, de doutrina cristã (At. 13.12; II Jo. 9). A necessidade de uma sã doutrina, baseada nos ensinamentos dos apóstolos, é destacada por Paulo em I Tm. 1.10; 4.6,13; 5.17; 6.1. A relevância do ensinamento é apontada ainda em Rm. 6.17; 16.17; Tt. 1.9; II Tm. 4.2; II Jo. 10. O autor da Epístola aos hebreus utiliza a palavra grega logos – palavra – em Hb. 6.1 – para se referir à doutrina em relação ao ensinamento fundamental de Cristo. A palavra portuguesa – doutrina – vem do verbo latino docere, que significa “ensinar”. Há igreja, por natureza, tem uma função educativa, o próprio Jesus nos instrui para que aprendamos dEle (Mt. 11.29). Jesus destacou a relevância do ensino na Grande Comissão, na tarefa de fazer discípulos (Mt. 28.20). Dentre os dons ministeriais, Paulo elenca o do ensino, reconhecendo que os mestres são dádivas divinas (Ef. 4.11), e a necessidade de que haja na igreja pessoas idôneas na Palavra, a fim de passar os ensinamentos de Cristo às gerações seguintes (II Tm. 2.2). O ensinamento na igreja é um dom espiritual, mas carece de esmero, ou seja, dedicação (Rm. 12.7), portanto, aqueles que atuam nessa área devam investir no conhecimento das Escrituras. Paulo é um exemplo de mestre na doutrina cristã. Ele diz não ter se negado a ensinar aos crentes da igreja (At. 20.20). Jesus foi um Mestre por excelência, pois Ele ensinava com autoridade (Mt. 7.28,29), por isso seus discípulos O chamavam de Rabi (Mt. 26.25,49; Mc. 9.5; 11.21; Jo. 1.38,49; 4.31), bem como outras pessoas (Jo. 3.2; 6.25). O próprio Jesus referiu a si mesmo como Mestre em Mt. 23.8 e Jo. 13.13. Por isso, uma igreja que é cristã, precisa estar disposta a ouvir os ensinamentos de Jesus, conforme expostos no Evangelho.

2. O PERIGO DAS FALSAS DOUTRINAS
A importância do ensinamento cristão se dá, entre outros motivos, em resposta aos falsos ensinamentos que se propagam no seio da igreja, os evangelhos diferentes (II Co. 11.4). O Senhor Jesus destacou os perigos dos falsos ensinamentos, que resultaria no engano de muitos, até mesmo dos eleitos (Mt. 7.15-20). Seguindo as instruções bíblicas, devemos ter cuidado para não nos tornarmos presa fácil das falsas doutrinas. Para tanto, precisamos julgar os espíritos, pois existem muitos que não provêem de Deus (I Jo. 4.1). Em sua Epístola aos Gálatas, Paulo repreende os crentes por terem deixado a sã doutrina e seguirem um outro evangelho (Fl. 1.7-9), e destaca o fruto do Espírito, como a característica central para identificar se alguém, de fato, professava a genuína fé (Gl. 5.22,23). Além desses critérios, existem outros fundamentados na Bíblia: 1) reverência e humildade, em oposição à arrogância e grosseria (II Co. 10.18); 2) amabilidade ou imposições (II Tm. 2.24-26); 3) desrespeito às autoridades, inclusive o Senhor, governo e pais (II Pe. 2.10-12; Jd. 8-10); 4) falta de respeito e amor em relação à liderança cristã (I Co. 3.1-9); 5) ao invés de fomentarem o amadurecimento espiritual criam dependência (At. 17.11; Ef. 4.11-16); 6) exploração financeira dos fiéis (I Pe. 5.2; II Pe. 2.3); 7) falta de observância aos padrões divinos de sexualidade (II Pe. 2.14); 8) falta de compromisso com a Palavra de Deus, querem agradar aos ouvintes, por isso falam o essas querem, não o que está escrito (II Tm. 4.3,4); 9) sobrecarregam os fiéis a fim de satisfazerem interesses próprios (Fp. 2.3,4); 10) centralizam a atenção em si mesmos, ao invés de focarem Jesus Cristo (At. 20.28-31; III Jo. 9,10); 11) colocam-se sempre acima das pessoas, como celebridades, não se consideram irmãos (Mt. 23.8-12); e 12) incitam o culto à personalidade, pessoas são supervalorizadas (Gl. 2.11-21). Esses critérios bíblicos são fundamentais para a identificação de grupos doutrinários e doutrinas que não correspondem à Palavra de Deus.

3. A DOUTRINA CRISTÃ NA IGREJA
O antídoto contra os falsos ensinamentos na igreja é o investimento no doutrina, no ensinamento bíblico, como orientou Paulo a Timóteo (II Tm. 3.15-17). A igreja cristã deve priorizar o ensinamento bíblico. Infelizmente, ao invés de incentivarem os crentes a participar da Escola Dominical, muitos líderes promovem movimentos sensacionalistas. As escolas bíblicas, outrora uma realidade nas igrejas, devem ser resgatadas, com duração suficiente para que ocorra aprendizado efetivo. Os institutos bíblicos não devem ser censurados, principalmente quando esses servirem de aliados para a formação doutrinária da igreja, e cujo fim seja a aplicação dos conhecimentos ali adquiridos para a edificação do Corpo de Cristo. Os cultos de instrução e ensino devam ter primazia, considerando que é nesse serviço que o pastor tem a oportunidade de expor doutrinas e o texto bíblico. Os líderes da igreja também precisam desenvolver um ensino sistemático, destacando as doutrinas basilares da fé cristã, e também expondo inteiramente livros da Bíblia. Enquanto agência de ensinamento cristão, a Escola Bíblica Dominical tem contribuído ao longo da história da igreja, na verdade, muitos obreiros foram formados nas aulas da EBD. A arquitetura eclesiástica deve, inclusive, investir na expansão da EBD. Um líder que se preocupa com o ensinamento da Palavra na igreja, busca identificar e separar para o ministério do ensino pessoas comprometidas com e dedicadas a esse ministério. Se possível, constroem salas de aulas na igreja e as aparelham com recursos multimídia a fim de que alunos e professores possam tirar maior proveito do ensino-aprendizagem durante as aulas. Os crentes que frequentam a EBD, escolas bíblicas, institutos bíblicos e cultos de instrução não se deixam levar por qualquer vento de doutrina, pois estão alicerçados Rocha, a Palavra de Deus (Mt. 7.24,25).

CONCLUSÃO
Integridade, de acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, tem a ver com inteireza e pureza. Uma igreja que se pauta pela doutrina cristã está alicerçada no próprio Cristo. Desde o princípio, Satanás quis subverter a Palavra de Deus (Gn. 3.1-5). Para que a igreja tenha saúde espiritual, essa, como Jesus, ao ser tentado (Mt. 4) deva se pautar pela Palavra de Deus. Para que a igreja seja contracultura na sociedade essa deva expor e viver em conformidade com as palavras de Cristo em piedade (I Tm. 6.1-3), conhecendo não apenas os princípios doutrinários, mas também dando o exemplo (II Tm. 3.10). Essa é uma necessidade urgente, considerando que já testemunhamos os tempos a respeito dos quais Paulo advertiu a Timóteo, em que muitos não querem mais dar ouvidos à sã doutrina, preferem amontoarem para eles mestres conforme seus desejos desenfreados (II Tm. 4.2,3).

BIBLIOGRAFIA
GANGEL, K. O., HENDRICKS, H. G. Manual de ensino para o educador cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
LEBAR, L. E. Educação que é cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

 
Lição 11

4 DE SETEMBRO DE 2011A INFLUÊNCIA CULTURAL DA IGREJA

Texto Áureo: Gn. 1.28 – Leitura Bíblica: Gn. 1.26-30

Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

Objetivo: Refletir com os alunos sobre a influência que a igreja pode ter sobre a sociedade.

INTRODUÇÃO
Conforme já estudamos em lição anterior, a Igreja tem dupla responsabilidade, outorgada por Cristo, o Rei, para a sociedade. A primeira delas e a Grande Comissão, isto é, seguir por todo o mundo, para fazer discípulos (Mt. 29.19,20). A segunda, e não menos importante, e, de certo modo, atrelada àquela, a de transformar a cultura. Na lição de hoje, estudaremos a respeito da cultura, definindo-a, a princípio, em seguida, destacaremos exemplos bíblicos de influência cultural. Ao final, passaremos a discorrer sobre alguns cristãos que influenciaram culturalmente na sociedade.

 
1. CULTURA, DEFINIÇÕES
Existem diversas definições de cultura, destacamos algumas delas a seguir: “um empreendimento coletivo, segundo o qual os homens conseguem estabelecer um estilo de vida distinto, com base em valores comuns” (R. N. Champlin); “Aquele todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, artes, princípios morais, leis, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelos homens, como membros da sociedade” (E. B. Tylor). O cristianismo, por sua vez, reconhece a existência da cultura enquanto produção humana, mas esta precisa ser avaliada a partir dos princípios bíblicos. Por isso, sempre coube a Igreja, ao longo da sua história, a tarefa de apontar para o alto, ressaltando as virtudes de Cristo. Conforme orienta o autor da Epístola aos Hebreus (11.6), os valores terrenos devem ser sombras daquele país celestial. Diante dessa realidade, a Igreja precisa estar ciente do seu papel social, e, principalmente, da necessidade de capacitar-se para responder aos anseios da cultura moderna. O ponto de partida para analise cultural é a realidade da Queda, que, conforme registrada no capítulo 3 do Gênesis, trouxe implicações imediatas para o ser humano. Antes da Queda o ser humano tinha a capacidade para administrar a criação para a glória de Deus (Gn. 1.28-30), mas depois desta, sua tendência passou a ser o egoísmo, a busca pelos interesses, e, como vemos atualmente, a destruição da criação, que geme a espera da redenção (Rm. 8.19-23). A destruição da criação, no entanto, não é o único mal causado pela Queda. Quando avaliamos a sociedade, à luz dos valores cristãos, constatamos a prevalência da cultura da morte e da ganância e da dominação.

2. A INFLUÊNCIA CULTURAL, EXEMPLOS BÍBLICOS
A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que não se deixaram levar pelos valores da cultura mundana. Não podemos esquecer que este mundo jaz no Maligno (I Jo. 5.19), por isso, o Reino de Deus, conforme respondeu Jesus a Pilatos, não é deste mundo (Jo. 18.36). Ao mesmo tempo, também precisamos estar cientes que precisamos agir como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13,14), ao mesmo tempo em que não nos conformamos com ele (Rm. 12.1,2). No Antigo Testamento encontramos o relato exemplar de Daniel diante da cultura babilônica. Esse jovem hebreu levado para o cativeiro estava imerso em uma cultura distinta dos princípios divinos. Mesmo assim, ele propôs em seu coração não se contaminar com as iguarias do rei, isto é, não fazer concessões quanto a sua fé (Dn. 1.8; 6.6-10). No livro de Daniel também se encontra o registro de fé de Sadraque, Mesaque e Abedenego, corajosos homens de Deus que foram salvos da fornalha por testemunharem da soberania do Senhor, e que não se dobraram diante da estátua erguida pelo Rei (Dn. 3). Mordacai, juntamente com a rainha Ester, servem de exemplo para todos aqueles que não fazem concessões em relação aos valores do Reino de Deus. Os profetas de Deus, tanto aqueles apresentados nos livros históricos, quanto os literários, autores de livro bíblicos, foram contundentes em suas denuncias do status quo, ou seja, da cultura humana distanciada dos padrões eternos de Deus. Por causa disso, os profetas bíblicos eram impopulares, eles se opunham ao que a maioria defendia, se fosse hoje, diríamos que eles não estariam preocupados com o Ibope, ou com o aplauso do público. Como declarou Pedro diante das autoridades romanas e judaicas, o alvo deva ser obedecer a Deus, e não aos homens, quando esses se voltarem contra a Palavra de Deus (At. 5.29).

3. CRISTÃOS QUE INFLUENCIARAM A CULTURA
Aqueles que criticam a fé cristã geralmente procuram defeitos na história para denegrir a imagem da Igreja. Não devemos fechar os olhos para atitudes que de fato não orgulham a fé, dentre elas, a Inquisição, tanto a Católica quanto a Protestante. Mas para fazer justiça, é preciso reconhecer o legado cultural da Igreja para a sociedade. Na política, destacamos o exemplo de homens como William Wiberforce, um parlamentar britânico, que lutou intensamente para que a sociedade percebesse a opressão causada pela escravidão. Martin Luther King Jr. tornou-se uma figura respeitável em virtude da sua oposição ao preconceito racial nos Estados Unidos. Na música, Sebastian Bach, impressiona até mesmo os descrentes pela genialidade nas suas composições, as quais assinava com o seguinte acréscimo latino: Soli Deo Gloria(Gloria somente a Deus). Na literatura e apologética, C. S. Lewis, um ex-ateu, contribuiu para difundir e defender os pressupostos da fé cristã. Em seu livro Cristianismo Puro e Simples, resultante de conferências radiofônicas, expôs com maestria os fundamentos doutrinários cristãos. Suas obras literárias, com destaque para As Crônicas de Nárnia, atraem a atenção do público em geral, em seu bojo se encontram verdades eternas, extraídas das páginas do Evangelho. Tostoi e Dostoivski, os dois gigantes da literatura russa, seguidores fervorosos de Cristo, inseriram em suas obras temáticas cristãs, o primeiro, por exemplo, em Guerra e Paz, e o último, em Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov. O cinema também tem servido para influenciar a sociedade a partir dos valores cristãos. As obras de autores cristãos, como as próprio C. S. Lewis, estão sendo adaptadas para a telona. Esses são apenas alguns dos muitos exemplos de pessoas que influenciaram a sociedade a partir dos valores bíblicos que defenderam. Mas existem milhares de outros, heróis anônimos, pessoas simples e desconhecidas que se sacrificam e levam, com amor, o evangelho de Cristo, atraindo a comunidade na qual estão inseridos para a Verdade, sendo luzeiros no mundo.

CONCLUSÃO
A Igreja de Jesus Cristo foi chamada para influenciar, não para ficar debaixo de um alqueire. Para tanto, deve sair de dentro das quatro paredes e ir para a sociedade, levando o evangelho, as boas novas de salvação. Ela precisa denunciar o pecado, ser uma voz que expõe os princípios bíblicos. Mas precisa investir também na transformação cultural, atuando nas várias frentes. Os políticos precisam ser coerentes com os valores cristãos. Os músicos comporem hinos e canções que glorifiquem a Deus e enobreçam o ser humano. Os escritores devem usar a criatividade para expor valores do Reino. Existem diversas maneiras de a Igreja influenciar a sociedade, não apenas fazendo coisas grandes, mas também com pequenos gestos, que, com zelo doutrinário e amor sacrificial, conduzirão muitos a Cristo.

BIBLIOGRAFIA
COLSON, C., PEARCEU, N. E agora como viveremos? Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
COLSON, C., PEARCEY, N. O cristão na cultura de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

 
Lição 10

28 DE AGOSTO DE 2011

 
A ATUAÇÃO SOCIAL DA IGREJA
Texto Áureo: Mt. 25.34-36 – Leitura Bíblica: Is. 58.6,8,10,11; Tg. 2.14-17

Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

Objetivo: Refletir com os alunos sobre a atuação social da igreja, a fim de que sejamos zelosos no cuidado aos necessitados e na diminuição da desigualdade social.

INTRODUÇÃO
Ao Longo deste trimestre o assunto da atuação social da igreja tem voltado à tona nas lições estudadas. Tal ênfase é justificada em virtude da relevância desse tema para a igreja. Infelizmente, poucas igrejas atentam para a responsabilidade social, não reconhecem que se trata de uma doutrina bíblica. A fim de demonstrar a fundamentação desse ensino na Palavra de Deus, discorremos, na aula de hoje, sobre a atuação social no Antigo e no Novo Testamento.

1. ATUAÇÃO SOCIAL, UMA NECESSIDADE
A atuação social é uma necessidade tanto no contexto da igreja quanto fora dela. No Brasil, o déficit social é histórico, muito ainda precisa ser feito para diminuir a desigualdade social. É bem verdade, conforme destacou o Senhor Jesus, que os pobres sempre teremos conosco (Jo. 12.1), por outro lado, isso não deve eximir a igreja da sua responsabilidade social, considerando suas limitações e possibilidades. A pirâmide social brasileira é composta por uma base de pobres que trabalha intensamente, quando esses conseguem emprego. Ademais, os salários são baixos, enquanto que uma minoria vive regaladamente. Um dos problemas dessa realidade está na constituição cultural da riqueza, que, em sua maioria, é insensível à causa do pobre. Estudos comprovam que a realidade da riqueza e pobreza tem algumas particularidades culturais. Os ricos ostentam seus bens e atribuem aos pobres a incompetência pela miséria. Essa é uma condição da sociedade distanciada dos valores cristãos. Mesmo entre os evangélicos, Max Weber que o diga, existe a crença difundida de que a prosperidade material, para ser usufruída egoisticamente, é benção de Deus, ainda que essa seja angariada desonestamente. A atuação da igreja, diante dessa realidade, deve ser a de criar meios para diminuir a condição extrema de pobreza das pessoas, sejam evangélicas ou não. Além de “dar o peixe”, e preciso, às vezes, “ensinar a pescar”, investindo na formação educacional e profissional das pessoas. Mas isso apenas não é suficiente, é preciso instruir os membros da igreja para não se envolverem o apoiarem práticas sociais que impliquem retenção dos direitos comuns das pessoas. A estrutura social precisa ser modificada, é preciso que os pobres tenham maiores oportunidades, e para isso, devemos cobrar dos governantes garantias constitucionais, investimento em políticas públicas de saúde, educação e segurança, fiscalizando a fim de que os recursos sejam honestamente aplicados. Isso tem tudo a ver com o Reino de Deus, considerando que os súditos do Reino de Deus têm uma visão diferenciada da política e da economia. A política da Igreja é a de Jesus, que põe o amor, a generosidade e solidariedade em primeiro plano. A economia de Jesus é a dos tesouros celestiais, onde o ladrão não rouba, nem a traça corrói, e que coloca pessoas, não o dinheiro em primeiro lugar. Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, aborda a questão da justiça social, a Bíblia revela o cuidado do Senhor em relação aos necessitados.

2. ATUAÇÃO SOCIAL NO ANTIGO TESTAMENTO
Ao longo do Antigo Testamento, existem várias passagens bíblicas que tratam sobre temas sociais. No Pentateuco - contra o preconceito em relação às necessidades especiais: “Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv. 19.14); do idoso: “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv. 19.19.32); na aplicação da justiça: “Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida. Balanças justas, pesos justos, efa justo, e justo him tereis. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito” (Lv. 19.35,36); contra a opressão ao assalariado: “Não oprimirás o diarista pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que está na tua terra e nas tuas portas. No seu dia lhe pagarás a sua diária, e o sol não se porá sobre isso; porquanto pobre é, e sua vida depende disso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado” (Dt. 24.14,15). Nos Provérbios – sobre o cumprimento das promessas: “Não digas ao teu próximo: Vai, e volta amanhã que to darei, se já o tens contigo” (Pv. 3.28); na utilização de meios escusos contra o povo: “Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer” (Pv. 11.1); contra as pessoas que somente valorizam os ricos: “O pobre é odiado até pelo seu próximo, porém os amigos dos ricos são muitos. O que despreza ao seu próximo peca, mas o que se compadece dos humildes é bem-aventurado” (Pv. 14.20,21); “O que escarnece do pobre insulta ao seu Criador, o que se alegra da calamidade não ficará impune” (Pv. 17.5); “O homem pobre que oprime os pobres é como a chuva impetuosa, que causa a falta de alimento” (Pv. 28.3). Os livros dos profetas estão repletos de denúncias contra as injustiças sociais, em relação aos que acumulam propriedades à custa da opressão dos pobres: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra!” (Is. 5.8); “Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho” (Jr. 22.13). “Porque sei que são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta” (Am. 5.12); “Ai daquele que, para a sua casa, ajunta cobiçosamente bens mal adquiridos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar do poder do mal!” (Hc. 2.9).

3. ATUAÇÃO SOCIAL NO NOVO TESTAMENTO
Ao longo do Novo Testamento nos deparamos com vários textos que se opõem à injustiça social e conclamam a igreja à atuação social. Jesus, em suas palavras, foi bastante contundente a esse respeito: “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele; E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada”. (Mc. 12.28-34). No Atos dos Apóstolos, no tocante ao cuidado com os necessitados da igreja: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (At. 4.32-35); e própria instituição do diaconato tinha como fim diminuir as necessidades sociais na igreja: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At. 6.1-7). Na Epístola de Tiago - contra o preconceito em relação ao pobre: “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?” (Tg. 2.1-4); do auxílio para o sustento: “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” (Tg. 2.15-17); e contra a opressão do pobre pelos ricos: “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu (Tg. 5.1-6). Esses textos são autoexplicativos e suficientes para mostrarem a relevância que a igreja deve dar à atuação social.

CONCLUSÃO
Muitas igrejas ainda desprezam a Palavra de Deus no que tange à atuação social. Há uma ilustração apropriada sobre a passagem de um mendigo, em dias distintos, na casa de um espírita, de um católico e de um evangélico. Conta-se que em cada uma das casas o mendigo recebeu respostas diferentes à sua necessidade, detalhe, tanto o espírita quanto o católico e o evangélico tinham apenas um pão. O espírita, apelando para a filantropia como forma de salvação, deu o pão inteiro ao mendigo e ficou com fome. O católico, na dúvida se a salvação seria somente pela fé, repartiu o pão ao meio e deu a metade ao mendigo. O evangélico, crendo na salvação pela graça, por meio da fé, respondeu que somente tinha um pão, e que, por isso, iria comê-lo e orar pelo mendigo. Essa é uma ilustração que reflete a ausência de atuação social de muitas igrejas evangélicas. O evangélico tem toda razão ao afirmar que a salvação é pela graça, por meio da fé, não vem das obras para que ninguém se glorie (Ef. 2.8.9), mas esquecem do versículo 10, que diz que fomos salvos “para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.

BIBLIOGRAFIA
CAVALCANTI, R. Cristianismo e política. Viçosa: Ultimato, 2002.
LIMA, P. C. Teologia da ação política e social da igreja. Rio de Janeiro: Renascer, 2005.

 
Lição 09

21 DE AGOSTO DE 2011

 
PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA
Texto Áureo: II Co. 11.3 – Leitura Bíblica: At. 20.25-32

Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

Objetivo: Mostrar aos alunos a necessidade da preservação da identidade da igreja, em conformidade com os princípios bíblicos.

INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da Igreja, ao longo da sua história, foi o de preservar sua identidade. Em várias ocasiões, desde os primórdios, a Igreja sofreu ameaças que visavam comprometer seu real chamado. Nos dias atuais não tem sido diferente, a Igreja do Senhor Jesus, do mesmo modo que a igreja primitiva, precisa se manter fiel aos princípios apostólicos. Na aula de hoje estudaremos a respeito da preservação da identidade da Igreja, mas antes, definiremos, bíblico-teologicamente, as expressões neotestamentárias associadas à igreja, em seguida, meditaremos sobre as características identitárias fundamentadas na Palavra de Deus.

1. IGREJA, EXPRESSÕES BÍBLICO-TEOLÓGICAS
No Novo Testamento existem diferentes expressões para definir Igreja. A palavraekklesia, no contexto social, indicava a assembléia dos cidadãos que foram chamados por um arauto. Etimologicamente, esse é um termo composto de uma preposição ek(para fora) e de um verbo kaleo (chamar, convocar). Portanto, a igreja, no sentido originário da palavra, é constituída por aqueles que foram chamados para não se moldar ao mundo (Rm. 12.2) e caminhar para o alvo, que é Cristo (Fp. 3.14). A igreja também é o povo de Deus, conforme expressa o apóstolo Pedro (I Pe. 2.9,10), definindo-a como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo (laos em grego) exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. A Igreja é apresentada como uma comunhão (koinonia em grego), um povo que vive em participação, semelhantemente a uma família, por essa razão, somos identificados como filhos do Pai e irmãos em Cristo (I Jo. 1.3). A Igreja primitiva de Jerusalém foi marcada pela realidade da koinonia (At. 2.42). A igreja é também o Corpo de Cristo, sendo assim, ela deve responder à Cabeça, que é Cristo (Cl. 2.19; Ef. 4.15,16,24). Essa condição contribui para sua unidade (Jo. 17.11; I Co. 1.10), ainda que na diversidade (I Co. 12-14; Rm. 12; Ef. 4; I Pe. 4.10). Como corpo saudável, a igreja deva buscar crescimento espiritual, caso contrário, permanecerá carnal (I Co. 3.2; 12.27) e procurar os melhores dons para a edificação do Corpo (I Co. 12.11,31; 14.1), sem esquecer do amor, o caminho sobremodo excelente (I Co. 13). A maturidade espiritual deve ser o alvo principal do Corpo, a fim de que todos possam alcançar a estatura adulta e a plenitude de Cristo (Ef. 4.13-16). A Igreja é a Noiva de Cristo, tendo em vista que o Novo Testamento revela Deus como um Pai que busca uma noiva para seu filho (Mc. 1.11; 9.7; 12.6; Ef. 5.27). Em resposta à fidelidade do Esposo, a igreja precisa demonstrar fidelidade (II Tm. 2.13; II Tm. 4.7), pureza (Ap. 19.7; Ef. 5.26,27; I Co. 11.2) e amor ao Seu Amado (Ap. 2.4,5; Ef. 3.18,19; 5.2; 25-27; Os. 2). A Igreja é templo, santuário e edifício de Deus, isso mostra que essa se encontra em processo de construção, e que Cristo é Seu alicerce (Mt. 16.18; I Co. 3.11; Ef. 2.20-22; I Pe. 2.4,5), sendo Deus o Arquiteto e Proprietário (I Co. 3.16).

2. A IDENTIDADE DA IGREJA
A identidade da igreja diz respeito às suas características bíblicas, a razão de ser igreja. Reconhecer que a igreja deva ter uma identidade significa, ao mesmo tempo, distinguir a Igreja de Jesus, das não-igrejas, isto é, dos movimentos que se diferenciam dos padrões genuinamente bíblicos. Antes de qualquer equívoco, é preciso destacar que igreja não um espaço físico, nem mesmo uma estatística. Sendo assim, não podemos confundir o templo, por mais simples ou suntuoso que seja, com a igreja, muito menos o total de membros que uma determinada agremiação religiosa. A Igreja é um povo unido que se submete à Cabeça que é Cristo, uma família que vive em união, com vistas à adoração e à gloria do Senhor. A identidade de uma igreja que é cristã deve levar em conta os seguintes aspectos: 1) ela não é perfeita, mas se esforça para caminhar em santificação, na luta contra os desejos desenfreados, os enganos do mundo, da carne e do Diabo (I Jo. 3.2); 2) demonstra interesse de ouvir a Palavra de Deus, por isso, uma igreja autêntica, ainda que não seja perfeita, se interessa por aprender mais de Deus, valoriza menos os movimentos superficiais e mais a exposição bíblica (II Tm. 4.2-4); 3) os ministradores de uma igreja genuína privilegiam a mensagem expositiva, eles se submetem ao crivo do texto bíblico, ao invés de reforçarem suas posições a partir de versículos isolados da Escritura (Lc.24.27; At. 6.4; Ef. 6.19,20); 4) se preocupa com a ortodoxia bíblica, isto é, não apenas em agir corretamente, a ortopraxia, mas também em fundamentar suas atitudes na doutrina bíblica, por isso, não tem receio de ser avaliada à luz da Palavra (Tt. 1.9,13; 2.1); e 5) expõe o evangelho de Jesus Cristo em sua essência, sem desprezar a mensagem da Cruz, loucura para os sábios, salvação para aqueles que se arrependem e crêem (I Co. 1.18).

3. PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA
A preservação da identidade da igreja se dá, prioritariamente, pela observância dos princípios bíblicos. Na igreja cristã, a autoridade central é a Palavra de Deus, diferentemente da Igreja Romana, que elegeu a tradição como fundamento; e do liberalismo teológico, que submete a fé à razão. A igreja cristã, seja ela pentecostal ou reformada, não pode esquecer a máxima da Reforma Protestante: ecclesia reformata semprer reformanda, isto é, igreja reformada e sempre desejando ser reformada. A reforma na igreja não se baseia no pensamento humano, ainda que não possa desprezar as contribuições teológicas, mas na norma que é a Bíblia, a Palavra de Deus. A preservação da identidade da igreja, a Ekklesia, é estabelecida a partir da perseverança na doutrina dos apóstolos, na comunhão e no partir do pão (At. 2.42-44) e na prática do amor, como característica marcante dos seguidores de Jesus (Jo. 13.35). Paulo, em suas epístolas, demonstrou zelo pela preservação da identidade da igreja do Senhor Jesus, dentre elas destacamos: I Coríntios - corrigir os partidarismos, excessos e carnalidades; Gálatas – advertir quanto às práticas judaizantes que comprometiam o evangelho de Cristo; Colossences – rejeitar a adoração aos anjos, crença gnóstica que inferiorizava a pessoa de Cristo; I Tessalonicenses – orientar os irmãos quanto à bendita esperança, tanto para os que estão vivos quanto para os que dormem no Senhor; e I Timóteo, II Timóteo e Tito – recomendações pastorais a fim de manter a sã doutrina e a vida piedosa. As palavras de Jesus, dirigidas às igrejas da Ásia Menor, registradas por João nos capítulos iniciais do Apocalipse (Ap 2-3), servem de corretivo para que a igreja mantenha sua identidade.

CONCLUSÃO
Crise de identidade, essa é a situação das igrejas evangélicas brasileiras. O crescimento do número de adeptos ao movimento evangélico resultou na existência de um fenômeno sociológico: os evangélicos nominais, ou seja, de pessoas que se dizem evangélicas, mas que não se comprometem, ou na verdade, desconhecem os princípios do evangelho de Cristo. Cristãos nominais geram igrejas nominais, com identidades líquidas, diluídas pelo mundanismo, distanciadas da Palavra de Deus. Diante de tal situação, cabe à Igreja evangélica brasileira perguntar-se, constantemente, pela sua identidade bíblica, para tanto, não pode esquecer de onde veio, onde se encontra e para onde está indo.

BIBLIOGRAFIA
BENTHO, E. C. Igreja: identidade e símbolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
MULHOLLAND, D. M. Teologia da igreja. São Paulo: Shedd, 2004.

 
Lição 08

14 DE AGOSTO DE 2011

 
IGREJA – AGENTE TRANSFORMADOR DA SOCIEDADE
Texto Áureo: Mc. 2.17 – Leitura Bíblica: Mc. 12.13-17; At. 2.37-41

Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

Objetivo: Mostrar aos alunos que a igreja, seguindo a ordenança de Jesus, tem a missão de transformar a sociedade na qual está inserida.

INTRODUÇÃO
A sociedade, em virtude da sua condição de pecado, se apresenta como um desafio para a igreja cristã. Fomos chamados por Jesus não para sair do mundo (Jo. 17.15), mas para fazer a diferença nessa sociedade corrompida, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13,14), nas palavras de Paulo, como luzeiros no mundo (Fp. 2.15). Na aula de hoje estudaremos a respeito do papel transformador da igreja na sociedade em que está inserida. A princípio, definiremos sociedade enquanto objeto de estudo da sociologia. Em seguida, caracterizaremos a sociedade moderna e seus desafios para a igreja. Ao final, apresentaremos encaminhamentos para que a igreja faça a diferença na transformação da sociedade moderna.

1. SOCIOLOGIA E SOCIEDADE
A sociologia é a ciência que estuda a sociedade, sua origem remete ao humanismo e ao ceticismo do século XIX. A industrialização exigiu dos pensadores uma melhor compreensão da sociedade. Marx Weber (1864-1920) explorou, por exemplo, como a burocracia influenciava a nação-estado. Um dos pensadores que mais influenciou nessa área certamente foi Karl Marx (1818-1883). Marx defendia que a história humana é constituída pela luta de classes entre trabalhadores e seus empregadores na forma de se conduzir uma economia. A religião, no contexto vivenciado por Marx, fez com que ele a denominasse de “ópio do povo”. Augusto Comte (1798-1857) determinou o final da fase teológica e militar e propôs a existência do paradigma científico, denominado por ele de positivista. Durkheim (1858-1917) propôs um posicionamento moral da sociologia, distinto dos parâmetros religiosos, em virtude do seu descrédito. Recentemente, os estudos sociológicos de Zygmunt Bauman (1925-) apontam para a existência de uma modernidade líquida, que marca os relacionamentos na sociedade atual. A modernidade líquida se caracteriza pelas descartabilidade dos relacionamentos, caracterizados pela inconstância e instabilidade. A sociologia, enquanto ciência, apresenta formas distintas de perceber a sociedade. Em linhas gerais essa pretende descrever crenças e costumes de determinadas comunidades e como essas influenciam as práticas sociais. Algumas percepções sociológicas necessariamente não são anticristãs, elas, quando avaliadas à luz das Escrituras, podem contribuir para a explicação de determinados fenômenos sociais.

2. A IGREJA NA SOCIEDADE MODERNA
A partir das contribuições dos estudos sociológicos anteriormente mencionados, destacamos que a sociedade moderna é marcada pela industrialização tecnológica, diferenças socioeconômicas, cientificização, e por isso, se apresenta menos voltada à religiosidade e mais propensa ao ateísmo. As mudanças pelas quais a sociedade passou, em decorrência do positivismo, favoreceram a expansão do conhecimento, mas não diminui, na mesma proporção, a pobreza e a miséria. Mesmo com a invenção de artefatos tecnológicos de comunicação, como a tv, a internet, e o telefone, as pessoas não conseguem dialogar em prol da paz. O desafio da igreja, por conseguinte, é o de responder às necessidades da sociedade com base nos princípios revelados na Palavra de Deus. Existem igrejas que deixaram de ser relevantes na sociedade, elas não conseguem mais salgar e muito menos iluminar a sociedade. Tais igrejas foram totalmente cooptadas pelo pensamento humano. Algumas delas pensam que estão testemunhando de Cristo, mas, na verdade, estão reproduzindo valores terrenos. Outras igrejas, por não serem capazes de refletir a luz de Cristo, estimulam um estilo de vida de isolamento, alienados das mudanças sociais. Essa alienação se concretiza em práticas que não se coadunam aos princípios cristãos, dentre eles destacamos: prosperidade material, consumismo exacerbado, desrespeito ao meio ambiente e naturalização da miséria. Jesus nos deixou o exemplo de como viver em sociedade. No Seu tempo, não se comprometeu com as agendas dos grupos vigentes: saduceus, fariseus, essênios e zelotres. Os saduceus estavam ligados ao partido político de Herodes, e dele tiravam proveito para se perpetuarem no poder. Os fariseus consideravam-se o exemplo maior de moralidade, não se misturavam com os pecadores. Os essênios fugiam para o deserto, a fim de não se contaminarem com as práticas mundanas. Os zelotes se envolviam na revolução armada, a fim de desbancar o governo romano. Jesus não se afinou com nenhum desses modelos de interpretação da sociedade, não se agregou a quaisquer desses grupos, antes fez opção pelos pecadores. Ele repreendeu a ambição pelo poder dos saduceus, reprovou o legalismo e a hipocrisia dos fariseus, viveu diferentemente do que apregoavam os essênios, e se opôs à revolução armada dos zelotes. Jesus, como exemplo para a igreja, pôs-se ao lado dos oprimidos e pecadores. Em resposta às críticas dos fariseus, respondeu: “Os são não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mc. 2.17).

3. A IGREJA E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE
A igreja é uma agência de transformação da sociedade, mas essa não pode ocorrer de forma impositiva, é resultante de uma revolução amorosa. Existem muitos cristãos que querem transformar a sociedade por meio da força, essa estratégia, no entanto, resulta apenas em oposição contrária. Se quisermos ganhar essa sociedade para Cristo precisamos, primeiramente, compreendê-la, e, então, responder aos seus anseios com base na revelação bíblica, e, sobretudo, com amor. Em resposta à coisificação do ser humano, resultante da industrialização e tecnologização, que ver a pessoa apenas como mero objeto, o cristianismo precisa resgatar a dignidade da pessoa humana, independentemente da idade, seja no ventre da mãe ou nos últimos dias de vida. Para isso, deve assumir uma posição pró-vida, contra o aborto e a eutanásia. Em resposta a uma sociedade cientificizada, pautadada pelo ateísmo, precisamos mostrar, pela Palavra e pela própria ciência, que Deus é uma realidade e que dEle necessitamos, e também de obedecermos a Sua vontade, para o bem da própria sociedade. Em resposta à gritante desigualdade social, precisamos nos voltar para uma atuação política, não apenas assistencialista, a fim de melhorar a condição social imediata das pessoas, mas também, na transformação de estruturas sociais injustas, que se fundamentam no acúmulo irresponsável de bens e na expansão da miséria. O envolvimento político da igreja é legítimo, mas de nada adianta se for apenas para satisfazer os interesses de alguns poucos, que se beneficiam em detrimento da maioria que padece. Em resposta à modernidade líquida, a igreja precisa dar o exemplo, favorecendo a consolidação de relacionamentos estáveis, não só no casamento, mas também na esfera das relações eclesiásticas. Há igrejas em que as pessoas não se conhecem, apenas se aglomeram semanalmente. Os membros somente se encontram nas redes sociais de computadores, mas não se envolvem, não partilham as necessidades.

CONCLUSÃO
A igreja é, ou pelo menos deveria ser, agência transformadora da sociedade. Para tanto, faz-se necessário que essa seja relevante, que assuma sua condição profética. Uma igreja que anda de braços dados com o pecado não poderá denunciá-lo, que ama mais o dinheiro do que pessoas, não poderá propagar um estilo de vida simples, que investe em relacionamentos descartáveis, não poderá favorecer a formação de vínculos sólidos. A igreja do Senhor Jesus é, e sempre será, “coluna e firmeza da verdade” (I Tm. 3.15), age como Corpo de Cristo (Ef. 1.22,23; 5.23) e completa, na terra, a obra que o Seu Senhor já iniciou (Fp. 1.29; Cl. 1.24).

BIBLIOGRAFIA
LIMA, P. C. Teologia da ação política e social da igreja. Rio de Janeiro: Renascer, 2005.
LYON, D. O cristão e a sociologia. São Paulo: Abu, 1996.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


7 DE AGOSTO DE 2011

Lição 07

 

A BELEZA DO SERVIÇO CRISTÃO

Texto Áureo: Jo. 13.14 – Leitura Bíblica: Jo. 13.12-17; At. 2.42-47

 

Pb. José Roberto A. Barbosa

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Twitter: @subsidioEBD

 

Objetivo: Mostrar aos alunos que a vida cristã somente faz sentido quando servimos a Deus e ao próximo em perfeito amor.

 

INTRODUÇÃO

O serviço cristão é uma das formas mais eficazes de testemunho da igreja. A atuação dos crentes da igreja em Jerusalém para o serviço resultou na conversação de muitas pessoas (At. 2.47). Na aula de hoje estudaremos a respeito da relevância do serviço cristão. No início da aula definiremos o significado bíblico-teológico de serviço. Em seguida, ressaltaremos o exemplo de Cristo a ser seguido na execução do serviço. Ao final, refletiremos sobre a prática do serviço cristão na igreja primitiva em Jerusalém.

 

1. SERVIÇO CRISTÃO, DEFINIÇÕES

No Antigo Testamento, o termo hebraico para serviço é abad, usando tanto no contexto religioso quando de trabalho. Um exemplo de serviço é a condição de servidão de Esaú em relação a Jacó (Gn. 25.23). Quando o termo serviço, em hebraico, está relacionado ao contexto religioso, tem o sentido de adoração. O verbo hebraico sarat também denota “ministrar, servir, oficializar”, comumente usado para se referir aos trabalhos realizados no palácio real (II Sm. 13.17; I Rs. 10.5) ou nos serviços públicos (I Cr. 27.1; 28.1; Et. 1.10) Sarat aponta para a condição de “ministro” ou “servo”, como Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11; Nm. 11.28) e aos anjos que servem a Deus (Sl. 104.4) O conceito bíblico de serviço, No Novo Testamento, vem do grego diakonia, do verbo diakoneo, e diz respeito, inicialmente, ao ato de servir às mesas (At. 6.1-6), serviço ministrado pelos diáconos (I Tm. 3.10,13). O ato de Jesus ter entregue a Si mesmo pelos outros é descrito como um ato de serviço (Mt. 20.28). O verbo douleuo, em grego, também se refere ao serviço do cristão, com uma singularidade, esse termo também é usado para “ser escravo”, ou de “alguém que se conduz em total serviço ao próximo”. Jesus destaca, em Mt. 6.24, que ninguém pode servir a dois senhores. Em Rm. 6.6, Tt. 3.3 e Gl. 4.8,9 Paulo explica que todos aqueles que se encontra fora da esfera da graça são servos do pecado. Mas quando passamos a servir a Cristo, passamos a servir uma ao outro em amor (Gl. 5.13). Em sentido amplo, o serviço cristão não está restrito àqueles que exercem o ministério de diáconos, pois desde os primórdios, os crentes serviam uns aos outros, conforme a necessidade de cada um (At. 4.32-37; II Co. 9.13) para a edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.12).

 

2. CRISTO, UM EXEMPLO DE SERVO

Jesus quis deixar aos seus discípulos o exemplo de serviço, e isso se fazia necessário porque, naqueles dias, assim como atualmente, são poucos os que querem servir, a maioria deseja mesmo é ser senhor (Mt. 20.20-27). Mesmo entre os discípulos havia a disputa a respeito de quem seria o maior no Reino de Deus. Em oposição a esse padrão, Jesus sempre se apresentou como um servo, que teria vindo ao mundo para servir, e não para ser servido (Mc. 10.45). Paulo reafirma essa doutrina ao declarar aos crentes de Filipos que Cristo, ao vir a terra, esvaziou-se da glória celeste, e assumiu a forma de servo (Fp. 2.5-8). No capítulo 13 de João, o Senhor revela a beleza do serviço cristão, e esse, na verdade, não se reverte, pelo menos na dimensão terrena, em ostentação, mas em sacrifício e humildade. Primeiramente, a motivação do relacionamento de Jesus com os discípulos era pautada no amor, Ele os amou até o fim (Jo. 13.1). O fundamento de todo e qualquer relacionamento deva ser o amor, aqueles que se assenhoreiam com base no poder jamais terão amigos de verdade. Aquela seria a celebração da última ceia antes de ser entregue às autoridades romanas para ser crucificado, o Diabo já havia se apossado do coração de Judas para trair o Senhor (Jo. 13.2). Mas Jesus sabia que tudo estava entregue nas mãos do Pai, e que Ele, em Sua soberania, controlaria todas as coisas (Jo. 13.3). Quando o cristão tem convicção do Senhorio de Deus, Ele não se adianta na busca por cargos, pois sabe que o Senhor tem as situações em Suas mãos. Com base nessa certeza, Jesus pegou a toalha e cingiu os lombos, numa atitude de alguém disposto a servir (Jo. 13.4). Em seguida, passou a lavar os pés de cada um dos seus discípulos, inclusive o de Judas, e a enxugá-los com a toalha (Jo. 13.5). Jesus mostrou condescendência até mesmo com aquele que haveria de trai-lo, do mesmo modo, o Senhor nos desafia a servir aqueles que nos fazem o mal. Pedro reconheceu que aquela era uma atitude humilhante, por isso, se opôs ao ato de Jesus (Jo. 13.6). Pedro não havia compreendido ainda a natureza do serviço cristão (Jo. 13.7). Há muitos hoje que não sabem ainda o que significa servir a Cristo e ao próximo. Não são poucos os que querem ser líderes na igreja, apenas para desfrutar das honrarias, que consideram ser inerentes aos cargos. Pedro se mostrou relutante em ter seus pés lavados por Jesus, reafirmou sua insatisfação diante daquela demonstração de serventia (Jo. 13.8). Lavar os pés das visitas era uma atitude comum naqueles tempos, mas geralmente desempenhada pelos mais simples serviçais da casa. Por essa razão Pedro pediu ao Senhor que não apenas lavasse os pés, mas as mãos e a cabeça (Jo. 13.9). Jesus destacou que eles estavam limpos, exceto Judas, mas que todos precisavam daquela lição (Jo. 13.10,11). Após aquele ato de demonstração de humildade e serviço Jesus interpretou, para os seus discípulos, seu significado. Jesus revelou ser, de fato, Mestre e Senhor, no entanto, ao invés de buscar honrarias, quis mostrar a sua disposição para o serviço (Jo. 13.12) e deixar a instrução para que seus discípulos fizessem o mesmo (Jo. 13.13,14). Portanto, aquele não era um ato apenas para ser admirado, mas para ser imitado na prática cotidiana (Jo. 13.15,17), considerando que, no Reino de Deus, maior é o que serve mais (Jo. 13.16).

 

3. UMA IGREJA QUE SERVE

A Igreja primitiva de Jerusalém aprendeu a lição do Mestre Jesus. Aquela não era uma Igreja perfeita, compreendemos que na medida em que essa começou a crescer, os problemas também apareceram (At. 6.1). O exemplo daqueles cristãos é digno de imitação, pois esses “perseveravam na doutrina dos apóstolos”, isto é, tinham disposição para o aprendizado, viviam “na comunhão”, no “partir do pão” e nas “orações” (At. 2.42). Os primeiros crentes temiam ao Senhor e “os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”. Essa atitude não se tratava de um comunismo moderno, mas de uma disposição voluntária para servir ao próximo, pois “vendiam sua propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At. 2.44). Não que essa fosse uma realidade em todas as igrejas do primeiro século. Alguns estudiosos admitem que a pobreza dos irmãos de Jerusalém tenha resultado dessa generosidade “precipitada”. Mas essa não é uma interpretação apropriada do texto, pois Lucas, o escritor de Atos, aborda positivamente tal conduta. Evidentemente não podemos estipular essa entrega total dos bens como doutrina, já que não encontramos respaldo no contexto geral da Escritura, nem mesmo no próprio livro de Atos (At. 5.3). Contudo, o princípio de partilhar com os necessitados não pode ser descartado, pois o encontramos em várias passagens da Bíblia, que nos orientam a esse respeito: II Co. 8.9-15; 9.6-15; I Jo. 3.16-18. A Igreja que é cristã se preocupa com os necessitados, não fecha os olhos aqueles que padecem privações. A pregação do evangelho sempre tem prioridade, mas o ser humano precisa ser percebido em sua integralidade, isto é, espírito, alma e corpo (I Ts. 5.23).

 

CONCLUSÃO

O chamado do cristão se assemelha ao de Cristo, portanto, dever buscar servir, não sermos servidos. Esse é um desafio para o individualismo moderno, poucos são os que estão dispostos a abrirem mão da zona de conforto. Há até os que não querem qualquer envolvimento com as pessoas, principalmente os que sofrem, para que não sejam “contaminados” com o sofrimento dos outros. Paradoxalmente, o apóstolo Paulo orienta aos crentes a “chorarem com os que choram” (Rm. 12.15). Somos cristãos não para “parar de sofrer”, como propagam alguns, mas para sofrer com os que sofrem, somente assim viveremos o amor de Cristo, isso porque não existe amor sem sacrifício. Deus deu o exemplo maior de amor e sacrifício (Jo. 3.16; Rm. 5.8), assim devem agir todos aqueles que são servos genuínos (Jo. 12.26).

 

BIBLIOGRAFIA

PEARLMAN, M. João: o evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

 

 

 

31 DE JULHO DE 2011

Lição 06

 

A EFICÁCIA DO TESTEMUNHO CRISTÃO

Texto Áureo: At. 1.8 – Leitura Bíblica: Mt. 5.13-16; Rm. 12.1,2

 

Pb. José Roberto A. Barbosa

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Objetivo: Mostrar aos alunos que não fomos chamados apenas para usufruir dos benefícios da salvação, mas também para testemunhar do Salvador a um mundo que jaz no Maligno.

INTRODUÇÃO

O mundo jaz no Maligno, por isso, resta a igreja a tarefa de testemunhar, em tal contexto, do evangelho de Cristo. Na aula de hoje atentaremos para a importância do testemunho cristão eficaz. A principio, ressaltaremos o caráter da igreja nesse particular, já que foi enviada por Jesus para tal. Em seguida, meditaremos sobre a igreja, enquanto sal da terra e luz do mundo, salgando e iluminado o mundo. Ao final, destacaremos que o amor é fundamento para o testemunho cristão eficaz.

 

1. TESTEMUNHAR, UMA TAREFA DA IGREJA

O verbo testemunhar, no grego, é martyreo que significa “confirmar, testificar de algo a partir da experiência”. Testemunho (martyria em grego) denota o ato de testificar ou do próprio conteúdo a partir de uma convicção (Jo. 3.11, 32; 5.31; I Jo. 5.9,10; II Jo. 12; Ap. 1.2). No Novo Testamento, o testemunho está relacionado a Deus e a Jesus (Mc. 13.9), no tocante à igreja, essa não pode se envergonhar de testemunhar de nosso Senhor (Mt. 24.14; At. 4.33; I Co. 1.6; 2.1; II Tm. 1.8). Isso porque Jesus é “o testemunho” (I Tm. 2.6), Ele é a Verdade (Jo. 14.6), o Único Mediador entre Deus e os homens (I Tm. 2.5), e em nenhum outro há salvação (At. 4.12), o próprio Pai confirma que o testemunho de Cristo é verdadeiro (Jo. 8.12-18). Assim como Jesus foi enviado do Pai para dar testemunho, Ele também envia a Sua igreja, a fim de que essa dê testemunho dEle (Jo. 20.21). Mas antes que os primeiros discípulos iniciassem o testemunho a Seu respeito, fazia-se necessário que esses permanecessem em Jerusalém, até que fossem revestidos do poder do alto (Lc. 24.49). Jesus lhes prometeu que eles receberiam poder, ao descer a virtude do Espírito Santo, a fim de que fossem testemunhas, em Jerusalém, Judéia e Samaria, e até os confins da terra (At. 1.8). Essa é a tarefa de Igreja, testemunhar da morte e ressurreição de Cristo, proclamando a realidade do pecado, conclamando as pessoas ao arrependimento (Lc. 24.47), a fim de que sejam retirados das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe. 2.9). A obra missionária é tarefa exclusiva da igreja, essa não pode ficar circunscrita às quatro paredes, mas deve obedecer ao Senhor, fazendo discípulos em todas as nações (Mt. 28.19,20), levando o evangelho a toda criatura, quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc. 16.15).

 

2. A IGREJA, SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

No contexto do Sermão do Monte, ou mais especificamente, do Reino de Deus, Jesus declara aos seus discípulos: “vós sois o sal da terra” (v. 13) e mais adiante “vós sois a luz do mundo” (v. 14). Como sal da terra, a igreja tem a missão de preservá-la da corrupção, isso acontece por meio do contato, não fomos chamados para vivermos longe da sociedade, mas para estar inserido nela, sem, no entanto, se deixar contaminar pelos seus valores invertidos (Jo. 17.15-17). A igreja deve ser sal, quando isso não acontece, ela se torna insípida, sem sabor, perde sua relevância. Ainda que o mundo não saiba, somente a Igreja pode temperá-la, através da Palavra de Deus, a Verdade (Cl. 4.6). Em Mc. 9.50 fica evidenciado que é a paz entre os crentes que restaura o sabor do sal que se tornou insípido. O sal que perde o seu sabor para nada presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens, transformado em asfalto. Muitas igrejas estão perdendo o sabor, ao invés de influenciarem o mundo, são totalmente influenciadas por ele. Essas igrejas não conseguem mais fazer a diferença entre o sagrado e o profano. Tais igrejas se envolveram tanto em politicagem que perderam a natureza profética; fizeram tantas concessões morais que não sabem mais o que é pecado; estão tão centradas no material que perderam a esperança no futuro. A Igreja também deva ser luz do mundo, mas somente poderá fazê-lo se refletir a Luz, que é o próprio Cristo (Jo. 8.12; 9.5). A Igreja deva agir em conformidade com os padrões do Senhor, a fim de que, conforme aponta Paulo, seja irrepreensível e sincera, no meio de uma geração corrompida e perversa, e resplandecer como luzeiro no mundo (Fp. 2.15). Jesus deu testemunho de João Batista, declarando que ele era uma lâmpada que ardia e iluminava (Jo. 5.35). Do mesmo modo, cada discípulo deve ser luz, por onde quer que ande, uma luz para que as pessoas vejam, em nós, o resplendor da glória de Cristo. O discípulo não pode ficar em baixo de um balde (alqueire), que era usado para medir alimentos, mas no velador, uma espécie de suporte para sustentar a lâmpada. Com essa afirmação o Senhor destaca a importância de ocupar os lugares adequados para dar testemunho. Quando o discípulo de Cristo ocupa os lugares apropriados para dar testemunho diante dos homens, e esses vêem as suas boas obras, glorificam ao Pai que está nos céus (v. 16).

 

3. A EFICÁCIA DO TESTEMUNHO CRISTÃO

Para dar testemunho eficaz, o cristão não pode se conformar com esse mundo, antes experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Rm. 12.1). O inconformismo é um das características principais dos verdadeiros discípulos do Senhor. Eles não se enquadram dentro dos paradigmas estabelecidos pela sociedade anticristã. O cristão sabe que foi chamado para ser santo, pois o Senhor diz repetidamente “Sede santos porque eu sou santo” (Lv. 11.45; I Pe. 1.15-16). Essa santidade nada tem a ver com uma fuga da realidade, ou mesmo da sociedade, mas de uma transformação, que começa pela mente, pelo modo de ver o mundo (Rm. 12.2). Dentre os modelos mundanos com os quais não podemos nos conformar destacamos: 1) pluralismo – a antiga declaração de que todos os caminhos levam a Roma não se coaduna com os princípios cristãos, pois declaramos, veementemente, que somente Jesus é o Caminho para o Pai, Ele é, portanto, singular, não é apenas um grande, mas o Único (I Tm. 2.5); 2) materialismo – esse não apenas nega a realidade espiritual, mas o próprio Deus, pois Deus é Espírito (Jo. 4.24). Não que a matéria seja ruim, muito pelo contrário, pois o próprio Deus se fez carne, mas não podemos pautar nossas vidas no materialismo, mas na simplicidade, generosidade e contentamento (Fp. 4.11; I Tm. 6.6); 3) relativismo – a ética moderna tende a negar os absolutos da verdade cristã, negando até mesmo a possibilidade da verdade (Is. 5.20), mas o cristão sabe que a vontade de Deus é soberana, mas que isso, é boa, perfeita e agradável, por isso, a obedece por amor (Lc. 6.46; Jo. 14.21); e o 4) narcisismo – o homem facilmente centra-se no “eu”, um dos sinais dos últimos tempos é que as pessoas se tornariam “amantes de si mesmas” (II Tm. 3.2), em resposta ao egocentrismo moderno, o cristão ama, não apenas em palavras, mas em ação, cujo expoente é Deus (Jo. 3.16; Rm. 5.8; I Jo 3.16).

 

CONCLUSÃO

O amor é o maior testemunho do cristão, nenhum testemunho é eficaz, a menos que seja feito em amor. Sem amor, diz Paulo aos coríntios, nada faz sentido (I Co. 13), a matemática de Deus é diferente, pois 1 + 1 + 1 +1 – 1 é igual a 0. Alguém pode até falar línguas, profetizar, conhecer mistérios, toda a ciência, mas se não tiver amor, de nada adianta. Jesus disse que seríamos conhecidos pelos frutos (Mt. 7.16), e um dos aspectos do fruto do Espírito é o amor (Gl. 5.22), por isso, como disse certo pensador cristão: “testemunhe, se preciso for use as palavras”.

 

BIBLIOGRAFIA

LADD, G. E. O evangelho do Reino. São Paulo: Shedd Publicações, 2008.

STOTT, J. O discípulo radical. Viçosa: Ultimato, 2011.

 

 

 

24 DE JULHO DE 2011

Lição 05

 

O REINO DE DEUS ATRAVÉS DA IGREJA

Texto Áureo: Mc. 11.5 – Leitura Bíblica: Lc. 17.20,21; Mt. 18.1-5; Mc. 10.42-45

 

Pb. José Roberto A. Barbosa

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Objetivo: Destacar a importância da Igreja do Senhor Jesus manifestar o Reino de Deus neste mundo, através da proclamação do Evangelho de Cristo.

 

INTRODUÇÃO

A Igreja não é o Reino de Deus, mas exerce papel preponderante neste. Por isso, na aula de hoje, destacaremos a relevância da Igreja na manifestação do Reino de Deus neste mundo. A princípio, faremos uma análise da Igreja e sua relação com Israel e o Reino de Deus. Em seguida, apontaremos o papel representativo da Igreja no Reino de Deus. E por fim, apresentaremos alguns aspectos éticos do Reino de Deus.

 

1. ISRAEL, A IGREJA E O REINO DE DEUS

No meio teológico há uma confusão entre o Reino de Deus, Israel e a Igreja. Isso acontece porque a Escritura não apresenta explicitamente essa relação. Conforma já estudamos em lições anteriores, e com base no Novo Testamento, o Reino de Deus é a obra redentora de Deus ativa na história para derrotar seus inimigos e trazer aos homens as bênçãos do reinado divino. Inicialmente o Reino foi disponibilizado a Israel. Quando Jesus enviou Seus discípulos, os orientou para que fossem antes “às ovelhas perdidas de Israel” (Mt. 10.6). Mas aqueles que ouviram a mensagem do Rei a rejeitaram, por isso, no dia do juízo haverá menor rigor para Sodoma do que para aquela geração (Mt. 11.24). Por conseguinte, o convite de Jesus foi estendido a todos, a fim de que venham até Ele, todos que os que estão cansados e sobrecarregados (Mt. 11.28,29). Os Judeus queriam um reino político, por meio do qual poderiam vencer seus inimigos, mas Jesus negou-se a ser coroado (Jo. 6.15), e ofereceu-lhes, ao invés de um reino terreno, o pão espiritual (Jo. 6.52-57). Em Mt. 16 está registrado o propósito do Senhor ao formar um novo povo de Deus, a Igreja. A mensagem do Reino de Deus pode ser confundida, não por acaso, ainda nos tempos de Jesus, já que “muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo” (Jo. 6.66), certamente porque esperavam um reino terreno imediato. Apenas alguns poucos, conforme expresso por Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt. 16.16). A igreja recebeu as chaves do Reino, por isso, “o que ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus” (Mt. 16.18,19). A parábola de Mt. 21.33-42 revela com clareza que Deus confiara sua vinha a Israel, mas que o “Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino” (v. 43). Por esse motivo Pedro destacou que esse novo povo, a Igreja, é “geração eleita, sacerdócio real, nação santa” (I Pe. 2.9), isso porque, agora, “os que são da fé são filhos de Abraão” (Gl. 3.7).

 

2. IGREJA, REPRESENTANTE DO REINO

O Reino de Deus impera atualmente por intermédio da Igreja de Jesus Cristo, a ela compete à tarefa de pregar o evangelho do Reino no mundo, por esse motivo Felipe foi para Samaria, a fim de pregar as “boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (At. 8.12) e Paulo para Roma onde pregou primeiro aos judeus e, depois, aos gentios, o Reino de Deus (At. 28.23,31). Os que crêem nessa mensagem são libertos do domínio das trevas e transportados para o Reino do Filho amado de Deus (Cl. 1.13). Assim, ainda que a Igreja não seja o Reino de Deus, o Reino de Deus cria a Igreja e opera no mundo por meio dela, de modo que o Reino de Deus é proclamado pela Igreja. A igreja nada tem a ver com Israel, pois essa teve o seu início no dia de Pentecostes (At. 2; I Co. 12.13). Essa mesma Igreja que deve influenciar a sociedade através da pregação da Palavra de Deus, ela não pode se escusar da responsabilidade de transformar a história, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-16). O mundo precisa que a Igreja seja igreja, mas, infelizmente, existem “igrejas” que preferem ser como o mundo. Cada cristão, nesse contexto, é chamado para representar Cristo ao mundo, tendo, assim, autoridade delegada (II Co. 5.19,20; Mt. 28.19). É importante lembrar ainda que em Gn. 1.28, no que tange à Comissão Cultural, Deus chamou Adão para ser Seu representante para multiplicação e para difundir os princípios do reino de Deus sobre a terra. A Igreja precisa estender seus horizontes a fim de influenciar o mundo, para tanto, ela deve ocupar espaços na sociedade, os membros da Igreja devam ser exemplo no padrão bíblico de família, no trabalho honesto, nos princípios econômicos, na execução de leis, na produção científica, na literatura, na música, no cinema e nas artes em geral. Vários cristãos deixaram suas marcas na sociedade, esses servem de exemplo: Martin Luther King Jr. (política), Johannes Sebastian Bach (música), John Donne (literatura), C. S. Lewis (literatura), Jacques Ellul (sociologia), Francis Collins (ciência), Soren Kierkegaard (filosofia), entre muitos outros.

 

3. O MAIOR E O MENOR NO REINO DE DEUS

Nos reinos (ou governos) terrenos predominam a competitividade, por isso, todos querem ser o maior, ninguém quer ser o menor. O vereador almeja o senado, o prefeito a presidência da república, mesmo na instituição eclesiástica, o diácono aguarda ansiosamente pelo dia em que será consagrado a pastor. Mas no Reino de Deus não é assim, não há espaço para orgulho ou ambição (Mc. 9.33-37). Jesus percebeu imediatamente o perigo da busca pela grandeza, tendo por base o reino dos homens. Por isso, ensinou aos seus discípulos sobre humildade e simplicidade, enquanto características fundamentais dos súditos do Reino de Deus (Mt. 18.2,4). No reino dos homens vale mais quem acumula riquezas materiais, no Reino de Deus vale mais quem é mais humilde, quem se entrega à simplicidade. Por isso, quem quiser ser o maior deva ser identificado com uma criança, não pela condição moral, isto é, sua pureza, mas pelo pouco valor que se costumava dar a essas na sociedade antiga (Mt. 19.13-15). O maior no Reino de Deus é o servo de todos (Lc. 22.26,27), esse é o verdadeiro sentido da palavra “ministro”, todo súdito do Reino é um diácono, na expressão da palavra grega. O próprio Cristo é o maior exemplo de humildade, pois assumiu a condição humana para sacrificar-se pelos nossos pecados (Fp. 2.5-11). O padrão de servidão de Jesus, como modelo para o súdito do Reino de Deus, pode ser destacado a partir das seguintes características: 1) Humildade – Jesus deu o maior exemplo de serventia, lavando os pés dos Seus discípulos, ordenando-lhes que fizessem o mesmo (Jo. 13.12-17); 2) Simplicidade – Jesus orientou aos Seus discípulos para que esses não estivessem demasiadamente preocupados com cargos e posições (Mt. 20.20.27); 3) Prudência – Jesus avaliava as circunstâncias antes de agir, ele pensava antes de tomar decisões (Mt. 10.16); 4) Diligência – Jesus não perdia tempo, Ele fazia o que devia ser feito, sabia escolher as prioridades (Jo. 4.34; 9.4); 5) Amor – Jesus amou aos Seus discípulos incondicionalmente, permanecendo ao lado deles até o fim (Jo. 13.1; Gl. 5.13); 6) Sacrifício – Jesus sacrificou seus interesses em prol dos outros, essa era a Sua missão (Lc. 9.51-56); 7) Misericórdia – Jesus foi misericordioso com os pecadores, tornando-os filhos de Abraão (Lc. 19.1-10); 8) Obediência – Jesus não fazia a Sua vontade, Seu propósito era obedecer à vontade do Pai (Mt. 26.42; Lc. 2.47; Hb. 5.8); 9) Paciência – Jesus sabia o momento certo de agir. Ele usou a expressão “não é chegada a minha hora” para demonstrar essa característica (Jo. 2.4); e 10) Dependência – Jesus dependeu do Espírito Santo para realizar grandes feitos para Deus (Lc 4.18).

 

CONCLUSÃO

A igreja faz parte do Reino de Deus, na verdade, esta é representante do Reino de Deus na terra. Essa revelação é um privilégio, mas, ao mesmo tempo, uma responsabilidade. Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, nos somos enviado por Ele como embaixadores (Jo. 20.21) para manifestar Seu plano e propósito visível e invisível (Mt. 13.11; Ef. 1.9; 3.9-11). Tal responsabilidade nos conclama a um padrão de justiça que exceda a dos escribas e fariseus (Mt. 5.20), tendo Jesus, o Senhor do Reino, como modelo a ser seguido (I Co. 11.1).

 

BIBLIGRAFIA

CHARLES, C., PEARCEY, N. O cristão na cultura de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

LADD, G. E. O evangelho do Reino. São Paulo: Shedd Publicações, 2008.

 

 

18 DE JULHO DE 2011

Lição 04

 

A COMISSÃO CULTURAL E A GRANDE COMISSÃO

Texto Áureo: Mt. 28.19 – Leitura Bíblica: Gn. 1.26-30; Mc. 16.15-18,20

 

Pb. José Roberto A. Barbosa

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Objetivo: Refletir sobre o caráter integral da evangelização, envolvendo tanto a Grande Comissão quanto a Comissão Cultural.

 

INTRODUÇÃO

A igreja de Jesus Cristo, por sua própria constituição, é evangelizadora. Nesse particular, não podemos adotar uma atitude “politicamente correta”, ainda que o mundo queira que “cada um fique na sua”. Em obediência à Palavra do Senhor, devemos cumprir a tarefa missionária, pregar o evangelho, difundir as doutrinas do Reino. Na aula de hoje, estudaremos a respeito das duas comissões com as quais a Igreja deva estar envolvida, a Grande Comissão e a Comissão Cultural.

 

1. AS DUAS COMISSÕES

A palavra “comissão”, de acordo com o Dicionário Aurélio, significa “encargo, incumbência, tarefa e missão”. Cabe à Igreja do Senhor a tarefa de cumprir sua comissão, com um detalhe especial para o prefixo “co” na composição do vocábulo. Não podemos desempenhar essa missão sozinhos, precisamos depender dEle, sem Ele nada podemos fazer (Jo. 15.5), por essa razão Ele orientou aos seus discípulos para que aguardassem o poder do alto (Lc. 24.49), e para que recebesse o poder do Espírito Santo a fim de testemunhar dEle em Jerusalém, Judéia e Samaria e até os confins da terra (At. 1.8). No sentido de tarefa ou ordenança existem várias comissões dadas à Igreja, mas, em relação à obra de evangelização, destacamos as duas principais: a Grande Comissão e a Comissão Cultural. A primeira diz respeito à tarefa de levar a mensagem de salvação para todo o mundo, cumprindo a ordenança missionária. A segunda alude à tarefa dada por Deus ao homem a fim de difundir os valores do Reino na cultura, de modo a refletir o projeto original de Deus, em todos, na família, na ciência, nas artes, na política, na economia etc. Atentemos, a princípio, para o conceito de cultura a partir de uma abordagem antropológica, distinta daquele que as pessoas utilizam no cotidiano, quanto afirmam que alguém tem ou não tem cultura. A cultura é um padrão nos comportamentos humanos e as práticas dele decorrentes, refletidos nos modos de pensar e viver de uma sociedade. A cultura, nesse contexto, é uma produção humana, são os valores que a comunidade atribui às suas crenças, e as vivências a partir delas. Por isso, alguns estudiosos costumam associar a cultura à ideologia, isto é, ao modo de ver a realidade. O cristão, por sua vez, se posiciona diante dessa realidade a partir de um prisma diferenciado, já que tem a mente de Cristo (I Co. 2.16), por conseguinte, leva todo entendimento cativo à obediência a Cristo (II Co. 10.5).

 

2. A GRANDE COMISSÃO

A igreja de Jesus não pode ficar circunscrita às quatro paredes, ela precisa ir adiante, levar a mensagem do evangelho de Cristo. A análise dos textos finais dos evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, e do início de Atos, revela a teologia bíblica da Grande Comissão. Tais textos não se encontram em oposição, antes se complementam, a partir deles a Igreja aprende a obedecer ao imperativo missionário. Em Mt. 28.19, diz Jesus, “indo”, na verdade o ide, poreoumai em grego não está no imperativo, mas no particípio. O Senhor sabia que a Igreja iria, já que essa é a condição de ser Igreja, ela não pode ficar estagnada, acomodada em um mesmo lugar. O imperativo está no “fazei discípulos”, que está atrelado à instrução de Cristo, haja vista que compete à Igreja ensinar aos discípulos a “guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado”. Nos dias atuais, em que a preocupação de muitas igrejas é tão somente aumentar o número de membros, a orientação de Jesus é para façamos discípulos, que neguem a si mesmos, tomem a sua cruz e sigam após Ele (Mt. 16.24). De acordo com o registro de Marcos, o alcance da Igreja, ao fazer missões, deva ser “toda criatura” (Mc. 16.15), ou melhor, a qualquer pessoa, em qualquer lugar, não existem fronteiras demarcadas, onde estiver um pecador, ali estará um necessitado da graça de Deus, lá deva chegar a boa nova da Palavra de Deus, certos de que “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc. 16.16). Lucas, em sua narrativa, ressalta o conteúdo a ser propagado, “o arrependimento e a remissão dos pecados” (Lc 24.47). Essas verdades não podem ser abolidas, nem mesmo minimizadas, o pecado é uma realidade constatável no cotidiano, e, por causa dele, o ser humano se encontra alienando de Deus (Rm. 3.23), por outro lado, o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo (Rm. 6.23), o arrependimento dos pecados é uma condição necessária (Mt. 3.2; At. 2.38). O exemplo a ser seguido, na execução da Grande Comissão, é o do próprio Cristo, que tinha convicção do Seu chamado, a certeza de estar no centro da vontade do Pai, e que havia sido por Ele enviado (Jo. 20.21), para essa tarefa, que, pela sua natureza espiritual, deva ser desenvolvida pelo poder do Espírito Santo (At. 1.8) que resultará em autoridade para fazer proezas para o Reino de Deus.

 

3. A COMISSÃO CULTURAL

A Grande Comissão e a Comissão Cultural estão interligadas, já que Cristo nos enviou para “fazer discípulos” (Mt. 28.19). Na medida em que fazemos discípulos para Cristo, levamos adiante Seus ensinamentos, difundimos valores que provêem de Deus. No princípio, conforme registrado no livro do Gênesis, o projeto inicial de Deus era estabelecer o Seu governo sobre os homens. No capítulo 3, versículo 28, diz o Senhor a Adão: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”. Essa é uma comissão cultural, Deus chamou a humanidade para a mordomia da terra, talvez os termos traduzidos para o português não reflitam a especificidade dessa ordenança. Para “sujeitar” e “dominar” a terra, o ser humano não precisa destruí-la, como tem acontecido ao longo desses últimos anos. A relação da humanidade com a terra precisa ser responsável, a natureza geme, e sofre, desde a Queda (Gn. 3), ela passa por dores de parto até agora (Rm. 8.22), essa talvez seja uma das razões de tantas catástrofes mundiais que testemunhamos atualmente. Como súditos do Reino de Deus, fazemos parte do processo de redenção da natureza, por isso, devemos atentar para o cuidado com o meio-ambiente. Essa é apenas uma das dimensões da Comissão Cultural, em Gn. 1.28, o pronome “todo” ressalta uma dimensão mais ampla. Como cidadãos do Reino do Senhor Jesus, devemos atuar nas diversas esferas da sociedade, sejam elas, educacionais, artísticas, médicas, jurídicas, políticas, sociais e econômicas, ensinado a obedecer todas as coisas que Cristo ordenou (Mt. 28.19). Essa comissão não será bem sucedida a menos que os imbuídos de tal responsabilidade conheçam a mensagem do Reino. Caso contrário, a Igreja poderá assumir padrões culturais que nadam têm de cristãos, e que, não poucas vezes, são normas mundanas travestidas de supostos fundamentos bíblicos. O ponto de partida para a obediência da Comissão Cultural é a desconstrução de um paradigma vigente no contexto cristão, a diferenciação equivocada e antibíblica entre o “sagrado” e o “secular”. A Palavra de Deus nos orienta a fazer distinção entre o “sagrado” e o “profano”, não entre o “sagrado” e o “secular”, pois todas as coisas, quer sejam feitas na igreja, em casa, na escola, no trabalho, ou em qualquer outro lugar, em obediência à Palavra, são sagradas e glorificam a Deus (I Co. 10.31).

 

CONCLUSÃO

A sociedade mundana vai de mal a pior, distante dos valores do Reino de Deus. Como súditos do Senhor, devemos levar adiante a Sua mensagem. Não podemos deixar de atentar para a evangelização, o cumprimento da ordenança de “fazer discípulos”. Mas não podemos restringir a mensagem apenas a Grande Comissão, essa precisa ser ampliada na dimensão da Comissão Cultural, propagando valores que percebam o ser humano em sua integralidade, “corpo, alma e espírito” (I Ts. 5.23). Em um contexto relativista, a Igreja deva ser a coluna e a firmeza da Verdade (I Tm. 3.15) em todas as esferas da sociedade, considerando a Soberania de Cristo, já que “nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl. 1.26).

 

BIBLIGRAFIA

CHARLES, C., PEARCEY, N. E agora, como viveremos? Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

CHARLES, C., PEARCEY, N. O cristão na cultura de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

 

 

 

10 DE JULHO DE 2011

Lição 03

 

A VIDA DO NOVO CONVERTIDO

Texto Áureo: II Co. 5.17 – Leitura Bíblica: II Co. 5.17; Tt. 2.11-13; 3.3-8

 

Pb. José Roberto A. Barbosa

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Objetivo: Refletir sobre a vida do novo convertido, enquanto nova criatura, que, a partir do novo nascimento, passa a viver em plena comunhão com Deus, reconhecendo o senhorio de Cristo.

 

INTRODUÇÃO

O novo nascimento, ou o nascimento de cima, conforme expresso por Jesus a Nicodemos em Jo. 3.3, é condição para ver o Reino de Deus. O crente recém-nascido na igreja é comumente denominado de novo convertido. Na lição de hoje estudaremos a respeito desse primeiro passo na caminhada cristã. A princípio, atentaremos para a posição de nova criatura em Cristo, em seguida, para a vida dessa nova criatura, e, ao final, para a condição do novo convertido.

 

1. NOVO CONVERTIDO, NOVA CRIATURA

A doutrina do novo nascimento, ou o nascimento de cima, se tornou amplamente impopular nas igrejas evangélica, especialmente entre o movimento pseudopentecostal (comumente chamado de neopentecostal). Essa, no entanto, é uma revelação bíblica, expressa pelo Senhor Jesus, quando condicionou a entrada no Reino de Deus ao novo nascimento. Em II Co. 5.17 Paulo reforça esse ensinamento ao dizer que, “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. A nova criatura, kaine ktisis em grego, é uma realidade que não está restrita aos primeiros dias de fé, mas ao fato de o ser humano, em Cristo, ter assumido uma nova posição. O versículo 17 está em conexão com o 16, por esse motivo, há um elemento de relação gramatical: “assim que”. Para Paulo, o fato de Jesus ter morrido e ressuscitado ensejou a construção de outra dimensão, isto é, a vivemos sempre de bom ânimo (II Co. 5.6), não mais pelo que vemos, mas pela fé (II Co. 5.7), na expectativa do tribunal de Cristo, quando as obras dos crentes serão julgadas (II Co. 5.10); constrangidos pelo amor de Cristo (II Co. 5.14), por isso, “as coisas velhas já passaram”. É nesse contexto que, diz Paulo aos Gálatas, “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl. 6.15) e os que andam assim, “paz e misericórdia” (Gl. 6.16). Isso porque fomos criados em Cristo Jesus (Ef. 2.10), para tanto, revestidos do novo homem, a fim de sermos segundo a imagem daquele que o criou (Cl. 3.10).

 

2. A VIDA DA NOVA CRIATURA

O motivo para essa nova realidade é que a graça de Deus, isto é, Seu favor imerecido, se manifestou em Cristo, a fim de trazer salvação à humanidade (Tt. 2.11). Paulo diz, em Cl. 1.26-28: “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo”. Porque Cristo se manifestou, em graça, a bendita esperança da nova criatura é a revelação gloriosa do “grande Deus e nosso Senhor” (Tt. 2.13). Enquanto essa não acontece, devamos permanecer nos ensinamentos do Mestre, sendo educado, nos cultos de instrução, nos estudos bíblicos, na Escola Bíblica Dominical, a fim de que vivamos, “renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas”, a presença do aoristo grego, nessa declaração, intensifica o caráter dessa decisão, que deva ser definitiva, sem fazer concessão ao pecado, negando peremptoriamente em palavras e obras a impiedade, asebeia em grego que pode também significar a irreverência em relação às coisas de Deus e as concupiscências mundanas, tas kosmikas epithumias em grego, os desejos desenfreados que governam as vidas daqueles que estão distanciados de Deus. Neste presente século, vivamos não mais para nós mesmos, mas para Aquele que por nós morreu e ressuscitou (II Co. 5. 15), do seguinte modo: sobriamente (sophronos) – com a mente sã, moderada, discretamente; justamente (dikaios) – honestamente, retamente; e piamente (eusebos) – em disciplina espiritual. A esse respeito diz o Apóstolo aos Romanos, aplicável a todos os crentes atuais, sejam novos ou velhos convertidos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12.1,2).

 

3. A CONDIÇÃO DA NOVA CRIATURA

Anteriormente éramos “insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt. 3.3). Felizmente apareceu um “mas” em nossas vidas, uma conjunção adversativa, um “porém”, isso aconteceu “quando apareceu a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens”. A manifestação de Cristo traz uma implicação ético-existencial para a nova criatura, essa não pode mais continuar vivendo como antigamente, cometendo os mesmos pecados de outrora. Não fomos salvos pelas obras próprias, pois a salvação é pela graça, por meio da fé (Ef. 2.8,9), no entanto, depois de salvos, devemos praticar boas obras, as quais Deus mesmo preparou para que andássemos nelas (Ef. 2.8,10), a maioria dos cristãos lembram bem dos versículos 8 e 9 do capítulo 2 da Epístola de Paulo aos Efésios, mas esquecem do importante versículo 10. As obras não conduzem à salvação, mas devam acompanhar a salvação, elas manifestam, perante a sociedade, que de fato somos nascidos de Deus (I Jo. 5.1,4,18). Afinal, conforme expressou Tiago, a fé sem as obras é morta (Tg. 2.14-26), é por meio delas que as pessoas que nos cercam podem ver que pertencemos a Deus. Essa não é uma palavra de homens, mas de Deus, portanto, “fiel e digna de aceitação” (I Tm. 4.9), portanto, devemos dizer “amém”, a Palavra de Deus é inspirada pelo Espírito, é a partir dela que a nova criatura pauta a sua vida, ela é “proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (II Tm. 3.16,17).

 

CONCLUSÃO

Aplicar-se às boas obras deva ser a meta principal de todo cristão, novo ou antigo convertido, o motivo, diz o Apóstolo, é que estas coisas são “boas e proveitosas” (Tt. 3.8), os temos gregos são kalos, que quer dizer excelentes, nobres e ophelimos, lucrativas. Nesse tempo em que as pessoas somente pensam no ter, o desafio do crente é o ser, buscar a vontade de Deus, vivendo a partir dos princípios do Reino de Deus, distintos dos valores dessa era presente. Os que são novas criaturas em Cristo, portanto, vivem a partir de uma nova realidade, as coisas velhas se passaram tudo se fez novo. A partir de então, seu olhar sobre o mundo e suas atitudes em relação à vida devem estar em conformidade com aqueles que são súditos do Reino de Deus.

 

BIBLIOGRAFIA

LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Exodus, 1997.

ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

 

 

3 DE JULHO DE 2011

Lição 02

 

A MENSAGEM DO REINO DE DEUS

Texto Áureo: Mc. 1.15 – Leitura Bíblica: Mc. 1.14,15; Mt. 5.3-12; Rm. 14.17

 

Pb. José Roberto A. Barbosa

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Twitter: @subsidioEBD

 

Objetivo: Mostrar aos alunos que o comportamento do cristão deve ser pautado pela mensagem do Reino de Deus.

 

INTRODUÇÃO

O Reino de Deus se revela em Cristo, uma Pessoa, o próprio Rei. Mas para ser súdito desse Reino é preciso conhecer e obedecer a Sua mensagem. Por isso, na aula de hoje, estudaremos a respeito dos ensinamentos essenciais àqueles que fazem parte do Reino de Deus. A princípio, destacaremos que esse é um Reino espiritual, em seguida, abordaremos a mensagem desse Reino, e por fim, o significado espiritual desse Reino para os cristãos de todos os tempos.

 

1. O REINO DE DEUS É ESPIRITUAL

Ao longo da história, a igreja confundiu-se sempre que acreditou que o Reino de Deus era material. No Século IV, por ocasião da constantinização do cristianismo, e por conseguinte, do romanismo, alguns cristãos se empolgaram com a implantação da religião cristã através do Império. O resultado consta nos anais da história e entristecem a todos aqueles que amam a verdade do Evangelho de Cristo. A igreja que deveria influenciar o mundo, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-16), deixou-se conduzir pelos benefícios estatais, e, por fim, redeu-se totalmente às barganhas do poder temporal. Jesus sabia muito bem que a relação igreja-estado precisa ser bem demarcada. A igreja precisa influenciar o Estado, mas não pode confundir-se com ele. O Estado sempre terá interesse de ter domínio sobre a Igreja, a fim de diminuir sua força profética. Por esse motivo o Senhor declarou para Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo. 18.36). Os valores do Reino de Cristo não se afinam com aqueles apresentados pela política secular. A política dos homens age por meio da barganha, ao invés de se comprometer com o próximo, os interesses pessoais falam mais alto (Lc. 9.57-62). A política dos homens não ama as pessoas, vêem-nas apenas como eleitores em potencial, tudo faz na expectativa do retorno, de receber um voto em troca, é sem graça, pois não existe favor imerecido, não há possibilidade para o perdão (Mt. 18.26,27). A política dos homens tudo faz para aparecer, depende de projeção pessoal (Mt. 20.20-28), de visibilidade da qual se alimenta, sem a qual não obterá votos, por isso carece de humildade, uma das características dos cidadãos do Reino de Cristo (Mt. 18.4). O Reino de Deus é um governo espiritual, nada tem a ver com os governos humanos. Mesmo assim, como cristãos, devemos contribuir com a sociedade na qual estamos inseridos, exercer a cidadania através do voto e orar pelos representantes democraticamente eleitos (I Tm. 2.1,2), e quando for o caso, nos opormos se esses ferirem os princípios do Reino (At. 5.29), não apenas no tocante à agenda moral, mas também à social, esta última geralmente esquecida pelos cristãos evangélicos.

 

2. A MENSAGEM DO REINO DE DEUS

Não podemos apartar o Reino da mensagem do Rei Jesus, a Pessoa de Cristo é fundamental à constituição do Reino, mas não podemos desprezar Seus ensinamentos, caso contrário, reduziremos a fé cristã a puro subjetivismo e experiencialismo religioso. Os princípios do Reino de Deus estão registrados nas páginas dos evangelhos, especialmente no Sermão do Monte, nos capítulos 5 a 7 do Evangelho segundo Mateus. No capítulo 5, versículos 3 a 12 o Senhor Jesus destaca algumas características dos súditos do Reino: 1) pobreza de espírito – a riqueza é um empecilho para entrar no Reino de Deus (Mt. 19.16,17), mas existem aqueles que são ricos, mesmo sendo pobres, isto é, estão imbuídos do espírito de grandeza, não têm humildade para reconhecerem a necessidade de Cristo; 2) choro pela condição – para entrar no Reino, é preciso reconhecer a condição espiritual na qual se encontra nascer de novo (Jo 3.3), chorar diante de Deus, arrepender-se dos pecados, receber o consolo através do perdão; 3) mansidão – esse é um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl. 5.22), diz respeito à disposição espiritual para reder-se a Deus, não buscar represálias pela força humana, estar disposto a perdoar aqueles que causam dano, Jesus é o grande exemplo, Ele disse ser manso e humilde de coração (Mt. 11.29); 4) famintos e sedentos de justiça – no mundo campeia a injustiça, as pessoas agem em conformidade com seus interesses egoístas. O pobre é menosprezado, suas necessidades são desconsideradas, os súditos do Reino de Deus não podem compactuar com tais atitudes, devem clamar por justiça (Tg. 5.4), mas não podem esquecer que também são pecadores, carentes da justificação de Deus em Cristo, para salvação dos pecados (Rm. 3.24-26); 5) misericordioso – disposição para não levar em conta a ofensa do outro, deixando de tratá-lo como merece (Cl. 3.13; Ef. 4.32), antes demonstrando misericórdia, lembrando que devemos perdoar, pois também fomos perdoados (Lc. 6.37; Tg. 5.9); 6) pureza de coração – a justificação através do sacrifício vicário de Cristo é a base para a pureza de coração, ninguém pode ser santo, a menos que tenha sido justificado (Hb. 9.14; I Jô. 1.6,7), mas isso não deva isentar o súdito do Reino da busca pela santificação (Gl. 5.16; Hb. 12.14); 7) pacificadores – os súditos do Reino não promovem a guerra, nem mesmo as chamadas guerras “justas”, agem sempre com vistas à pacificação, pois nosso Deus é de Paz (Hb. 13.20) que em Cristo nos reconciliou com Ele mesmo (II Co. 5.19,20) e nos dá a Sua paz, que o mundo desconhece (Jo. 14.27), e que é aspecto do fruto do Espírito (Gl. 5.22); 8) perseguidos – os súditos do Reino não temem a perseguição, pois sabem que essa é uma consequência do discipulado (Jo. 7.7; 15.19; II Tm. 3.12), mas não devem desanimar (I Pe. 3.14), antes se alegrarem, certos do galardão nos céus (Mt. 5.12).

 

3. O SIGNIFICADO DO REINO DE DEUS

Estudamos, desde a lição passada, várias definições de Reino, mas cabe ainda perguntar: O que é o Reino de Deus, e mais importante ainda: qual o significado do Reino de Deus? Paulo responde em Rm. 14.17: “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. Esse versículo precisa ser compreendido no contexto da passagem, na qual o Apóstolo trata sobre a liberdade cristã diante das censuras entre os crentes do primeiro século, sobre o que poderiam ou deveriam deixar de comer. Ele destaca, como em I Co. 8.8, que o que comemos ou deixamos de comer não nos caracteriza como partícipes e súditos do Reino de Deus. Na verdade, algumas práticas religiosas e legalistas existentes em algumas igrejas, apenas servem para desvirtuar o verdadeiro significado da fé cristã (Hb. 9.10; 13.9), em alguns casos, alimentam apenas para a ostentação humana, pura carnalidade (Cl. 2.21-23). O significado do Reino de Deus é: 1) Justiça – o pecador recebe a justificação em Cristo quando se arrepende dos seus pecados (Rm. 3.21-25; 5.1; 8.33,34). É o Espírito Santo, por meio da Palavra, que convence o homem e a mulher do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16.8). A justiça dos homens é falha, muitos veredictos são dados contra os mais pobres e necessitados, para beneficiarem os poderosos; 2) Paz – em virtude da justiça de Deus, podemos ter a paz que excede a todo e qualquer entendimento (Fp. 4.7), antes estávamos distanciados de Deus, por causa dos pecados, mas Ele, pela Sua graça, nos atraiu para Si (Rm. 5.1-3), resultante dessa paz, podemos, agora, ter paz uns com os outros (Rm. 12.18; Hb. 12.14) e com nós mesmos (Cl. 3.15); e 3) Alegria – o fundamento da alegria, tal como o da paz, é o Espírito Santo, produzindo o Seu fruto em nós (Gl. 5.22), tal fruto é cultiva a partir do relacionamento com o Pai (II Pe.